Saturday, November 25, 2006

ATA-ME

Não me culpe por ter nascido mutante, por mais que deseje ser apenas humana para compartilhar contigo intimindade, em uma parte de mim cresceram asas com vida própria me mostrando que posso voar.
Se me desejas, ata-me.
Ata-me com teus beijos e carícias para que os pés em terra firme possam me parecer tão deslumbrantes quanto ver o mundo do alto.
Ata-me com teu sexo, com o mel que guardas no subsolo a espera de minha boca.
Ata-me com carinho, sem ferir minha pele, sem mutilar minhas asas, sem me expor como teu troféu.
Sou troféu de mim mesma e de ninguém mais.
Ata-me, imploro. Antes que meu vôo me leve aos lugares que teus curtos passos não alcançam.

Adilma Nascimento

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