Sunday, April 29, 2007

CALO-ME

Penso em nos e no que fizemos com o desejo.
A priori ele nasceu numa aula de filosofia. Meu coracao me enganou, disse que seria para sempre.
Eu acreditei e te amei. Entre historicos de estudantes. Na sacada. Na janela. Nas escadas. Num banheiro sem azuleijo. Num colchao velho.
E te contei do meu amor tantas vezes que esqueci de ouvir uma cancao que dizia que pra sempre, sempre acaba.
Errei.
Nao por ter amado.
Errei por ter ouvido tao pouco a cancao.
Errei por ter falado tanto sobre o amor e tao pouco sobre o desejo.
E o desejo que une alem dos corpos.
E o desejo de ter o outro como complemento de si.
Voce me completou.
Fez meu ventre ganhar vida explendorosa, como uma parreira oferecendo uvas doces ao mundo.
Agora sao apenas doces lembrancas.
A mais linda parreira transformou-se no melhor vinho que se perde entre os pedacos do calice quebrado.
A posteriori, nada volta a ser a priori.
Portanto, calo-me.

Adilma Nascimento

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