Monday, July 16, 2007

VERDE


Comeram minhas carnes gluteas, o lobulo de uma orelha, o bico de um peito. Morderam com vontade meu coracao de pedra em gelo, cuspiram os dentes quebrados fora e se foram.
Fiquei so com o que me restou sangrando entre dedos feridos.
De dentro de uma moita de shepard's bush alguem cantava don't worry be happy
-Como assim? Veja meu estado.
-Veja voce o meu estado! E eu sou feliz.
Esqueci de mim quando vi aquele fragmento de gente , o cara tava pior do que eu. Nao tinha bracos, nem pernas, so um olho, nenhuma orelha, parecia uma bola de futebol jogada no meio do mato.
Meio sem graca comecei a cantar com ele. Cantando fiquei feliz, muito feliz, peguei o hominho, coloquei-o sobre meu ombro e saimos cantando por ai.
Toda ferrada, toda misere, e feliz. Foi assim que me descobri morta.
Eles me mataram.
Acabaram-se minhas preocupacoes, agora tudo e felicidade. A morte e so o comeco, mas ninguem acredita, e por isso que eu nao volto para contar como e boa a vida do lado avesso.
Adilma do Nascimento Pereira (Pereira da arvore que da pera, Nascimento de nascer - contrario de morrer, Adilma, nome que comeca e termina com A -amor infinito)